Além das palavras – sua comunicação não-verbal está te ajudando ou te prejudicando?
- Alessandra Corrêa
- 17 de abr.
- 4 min de leitura
Estamos sempre nos comunicando. Quando falamos, quando calamos, quando ouvimos. Quando nos comunicamos, nosso corpo todo fala. Além da expressão oral – o que é dito, o tom de voz, a entonação – nossas expressões faciais, contato visual, nossa linguagem corporal também enviam suas mensagens.
Daí surgem algumas questões importantes para quem quer se comunicar bem. Os sinais não verbais que estou enviando estão reforçando ou contradizendo minha mensagem verbal? Estou passando confiança ou insegurança? As pessoas estão acreditando em mim, ou não?
As informações são transmitidas verbalmente, mas o impacto da comunicação não-verbal é enorme. Albert Mehrabian, um pesquisador da UCLA que se dedicou ao estudo da linguagem não-verbal, chegou a um percentual do impacto de cada parte da comunicação na mensagem que transmitimos: 55% linguagem corporal, 38% voz (entonação, tom de voz, etc) e 7% palavras.

Há diversas pesquisas que nos ajudam a entender melhor o impacto da comunicação não-verbal. Quando a linguagem corporal contradiz a verbal, a tendência é acreditarmos na linguagem corporal. Vozes mais graves transmitem mais competência e autoridade do que vozes mais finas. É preciso um esforço consciente para franzirmos a testa para uma pessoa que está sorrindo. Gestos com as mãos nos ajudam na expressão da mensagem que queremos transmitir, mas também demonstram nosso entusiasmo com o tema.
Daí podemos começar a tirar informações importantes.
Quando falando com uma pessoa pela primeira vez, sorrisos e contato visual na proporção correta e adequados à situação, podem ajudar a dar uma primeira impressão positiva e a transmitir a mensagem que queremos. Além de deixar uma impressão positiva duradoura. Pessoalmente fiz muitos elevator pitches bem-sucedidos com um discurso bem lapidado, assertividade no tom de voz, sorriso e contato visual.
“Gesticular pode ajudar as pessoas a formarem pensamentos mais claros, falarem em frases mais concisas e usarem uma linguagem mais declarativa”, diz a expert em linguagem corporal Dra Carol Kinsey Goman. É importante gesticular para transmitir credibilidade e segurança. Se os gestos não estão em sincronia com o que é dito, perdemos credibilidade, pois as pessoas vão acreditar mais nos seus gestos. E esse julgamento ocorre de forma inconsciente.
Um fato interessante é pessoas que mentem tendem a gesticular menos por estarem prestando mais atenção no que estão falando, por estarem desprendendo energia criando a mentira e mantendo um discurso coerente. Então, evite falar com as mãos nos bolsos ou, caso esteja em uma mesa de reuniões, mantenha as mãos sempre acima da mesa.
Não adianta ensaiarmos os gestos e as expressões faciais, pois nossos cérebros preparam primeiro a mensagem não-verbal, imediatamente após receber um impulso ou emoção. Iniciamos os gestos antes de iniciarmos a fala. Quando ensaiamos os gestos, passamos a imagem de não estarmos sendo autênticos, a plateia percebe essa assincronia entre fala e gesto e isso causa estranheza.
Se a linguagem corporal e as expressões faciais são tão importantes e não podemos ensaiar, o que fazer?
Há dicas simples que podemos seguir.
É importante estarmos bem-preparados. Uma boa preparação – seja para uma conversa com o chefe, uma apresentação importante, um pitch para um cliente – vai nos deixar mais seguros, mais à vontade. Consequentemente gesticularemos mais e com naturalidade e nosso tom de voz ficará mais assertivo.
Estar aberto a ouvir o outro, buscar uma conexão genuína, mantermos a curiosidade e estar conscientes do que nos empolga sobre o assunto nos levam a conseguirmos transmitir autenticidade e gera conexão.
Nossas sensações físicas influenciam muito não apenas em nossas tomadas de decisão, mas também no nosso estado emocional e, consequentemente, na nossa comunicação não-verbal. Por isso é importante nos fazermos algumas perguntas básicas:
Eu comi bem? Estar com fome ou estar digerindo uma refeição pesada podem interferir muito.
Estou com frio ou com calor? É importante estarmos preparados para reuniões em ambientes que não conhecemos. Ter sempre um casaco ou um blazer e, por outro lado, estar com alguma peça mais leve para o caso de o ambiente ser mais quente.
Dormi bem? A quantidade e a qualidade do sono influenciam muito nosso estado emocional. Sempre que possível, é importante nos atentarmos a isso nas noites que antecedem eventos importantes.
Nossos relacionamentos também interferem muito nas nossas emoções e no nosso animo para reuniões, apresentações e conversas importantes. Se tivermos dificuldades de nos relacionar com alguém, nossa linguagem corporal pode interferir na nossa comunicação com essa pessoa. Podemos, por exemplo, cruzar os braços ou desviar o olhar a cada vez que a pessoa falar. Por isso é importante nos perguntarmos: Eu tenho algum problema com alguém que estará presente? Trazer para o consciente a questão pode nos ajudar a estarmos mais abertos às contribuições dessa pessoa e a termos uma comunicação mais clara com ela.
As emoções são elementos obviamente importantes e a raiva é uma emoção a que devemos nos atentar. Quando um assunto ou algum acontecimento nos provoca raiva, é importante dar um tempo antes de lidar com a questão. A raiva transparece em nossas palavras, nossas expressões e nossa linguagem corporal. Se a questão estiver sendo tratada por e-mail, uma dica é escrever no Word ou no bloco de notas o e-mail raivoso que gostaríamos de enviar... e não o enviar. Idealmente mudamos de atividade e horas depois, quando já estivermos mais calmos, voltamos ao texto. O mesmo quando formos lidar pessoalmente ou por ligação ideal é dar um tempo, ganhar perspectiva, se acalmar e só então tratar da questão.
Também é importante prestar atenção em nossa linguagem não-verbal quando estamos ouvindo. Prestar atenção se estamos irrequietos, mudando de posição, mexendo nos cabelos ou na caneta, olhando no celular ou abrindo abas no computador. Ou se estamos interrompendo muito. Tudo isso vai passar a impressão de que não estamos atentos, de que não valorizamos o que está sendo dito nem a pessoa que está falando, de que não estamos abertos ao que está sendo dito ou, ainda, de que estamos compensando por não termos domínio sobre o assunto.
O corpo não apenas fala, ele não mente. Termos consciência das mensagens que estamos emitindo com nossa linguagem não-verbal e trabalharmos para sermos autênticos, nos mantermos abertos ao debate e à troca de ideias e gerar conexões verdadeiras fará com que nossa linguagem corporal e nossas expressões trabalhem a nosso favor.
Por Alessandra Corrêa
Texto originalmente publicado no blog da Head Energia
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